Mas nos últimos cinco meses registou quebras homólogas neste indicador vonfirmando-se um novo recuo em dezembro (-3,1%), “gera obviamente alguma apreensão quanto ao primeiro semestre de 2024, até porque o país atravessa uma situação de instabilidade política que veio somar-se à conjuntura económica menos positiva dos principais parceiros de Portugal”, segundo a associação que representa os industriais os mais exportadores da economia nacional.

A AIMMAP estima para 2024 um maior arrefecimento da economia e um “pequeno crescimento do desemprego”, esperando que o consumo permaneça “muito moderado” e provoque uma nova retração da procura.

“Na verdade, a economia nacional continua a apresentar um crescimento muito anémico, apenas alavancado pelas exportações e pelo investimento que as empresas fazem para alimentar essas exportações. Ora, perante o abrandamento das exportações e arrefecimento da procura externa, e numa altura em que o financiamento às empresas está em queda e as taxas de juro apresentam uma subida gradual, temos de nos inquietar e preocupar com o futuro”, sustenta Rafael Campos Pereira.

Para o vice-presidente executivo da AIMMAP, “se em 2023 a inflação esteve mais controlada, não há certezas se essa situação vai manter-se ao longo deste ano”. “Os dois cenários de guerra, na Ucrânia e em Gaza, e a atual crise no Mar Vermelho, deixam grande incerteza a esse respeito e permitem antecipar um cenário de novos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, bem como subida dos custos de transporte”, completa.

Composto por cerca de 23 mil empresas e por uma força de trabalho de quase 246 mil pessoas – 74% da mão-de-obra é masculina e mais de metade (52%) tem qualificações equivalentes ao 2º ou 3º ciclo –, concentrado sobretudo nas zonas mais industrializadas do Norte e Centro do país, o setor metalúrgico e metalomecânico sublinha que a evolução homóloga foi “muito melhor” que a verificada no total nacional.

Quase 70% das exportações são feitas para a União Europeia, figurando Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Itália e EUA no topo dos destinos.

Com eleições à porta em Portugal, o porta-voz do setor, que é também vice-presidente da CIP, diz ser “urgente que haja um governo estável em Portugal [e] que não intervenha excessivamente na economia”.

Ao Executivo que vier a resultar da ida às urnas exige a criação de “um ambiente de algum consenso, sem dogmas, sem preconceitos e sem egocentrismos partidários”, que concretiza reduções no IRS e no IRC.

“A estabilidade política em Portugal é fundamental para melhorar os índices de confiança dos agentes económicos e para que o mercado financeiro funcione de forma equilibrada, não submetendo as empresas a enfrentar condições de financiamento espartilhantes. Por outro lado, uma política de IRC justa, liberta recursos para que as empresas apostem na produtividade e no valor acrescentado”, argumenta Rafael Campos Pereira.

Joffre Justino

---