Num cenário digno de um filme, Portugal acordou na madrugada desta terça-feira sob o jugo da depressão Babet. De Faro a Viana do Castelo, a força dos elementos naturais deixou um rasto de devastação, um autêntico guia ilustrado da fragilidade humana perante a impetuosa natureza.
Morgado Jr.

Até ao momento, a Proteção Civil contabiliza cerca de 400 ocorrências, mostrando que estamos sempre à mercê de forças superiores.

Imagine o cenário em Faro: pouco mais de meia hora de precipitação intensa foi suficiente para transformar a baixa da cidade num cenário aquático. Carros, quase submersos, tornaram-se ilhas solitárias na inundação que fez lembrar aos habitantes o quão vulneráveis somos. Não escapando à tempestade, partes do aeroporto de Faro também sentiram a fúria das águas, afetando assim uma infraestrutura crítica para a região.

Já no norte, o vento e a chuva bramiam com intensidade junto ao mar. As autoridades, na sua prudência, condicionaram o acesso às zonas costeiras. Com efeito, como alertou Confúcio: “Quando vemos homens de uma natureza contrária à nossa, devemos voltar-nos para dentro e examinar-nos a nós mesmos.” E o que vimos? Aveiro, uma cidade orgulhosa do seu relacionamento com a água, vive agora na antecipação do que poderá ser uma forte agitação marítima, ameaçando transpor as barreiras que nos fazem sentir seguros.

Em Lisboa e Setúbal, o cenário não foi diferente. Árvores tombadas, vias cortadas e estruturas abaladas, como um andaime na Rua das Flores, despertam para o entendimento de que a natureza é, nas palavras de Albert Einstein, ""uma realização maravilhosamente simples, com uma simplicidade absolutamente assombrosa"".

Este é um momento de reflexão e ação para cidadãos e autoridades. Como o famoso cientista Carl Sagan uma vez afirmou, ""Somos todos viajantes nas vastidões cósmicas, a bordo de uma pequena nave espacial chamada Terra"". Agora é tempo de reforçar essa nave, repensar estratégias de resiliência e rever como nos relacionamos com a natureza que nos rodeia.



É uma lição cara, mas necessária. A depressão Babet não é só um fenómeno meteorológico, mas um apelo à nossa consciência coletiva, a um realinhamento com o mundo natural que nos sustenta.


É, em última análise, um grito da Terra, exigindo o respeito e a harmonia que merece. Será que estamos preparados para escutar?
Morgado Jr.