Interessante Posdcast no jornal Expresso, sobre a Inteligência Artificial 

Numa era onde a inteligência artificial (IA) se torna cada vez mais prevalente, Virgínia Dignum, renomada investigadora portuguesa e colaboradora do grupo de Alto Nível de Aconselhamento para a IA da ONU, levanta um paradoxo intrigante: as próximas vítimas da automação poderão ser as profissões altamente qualificadas, como engenheiros, jornalistas e médicos. Esta previsão subverte o entendimento comum de que tarefas manuais seriam as primeiras a serem automatizadas.

Dignum exemplifica a capacidade da IA com o jogo de xadrez, onde sistemas superam facilmente humanos, mas ainda carecem da habilidade para, literalmente, mover as peças no tabuleiro. Este cenário destaca a complexidade e os desafios da robótica atual. A investigadora ressalta que enquanto as máquinas avançam intelectualmente, trabalhos que requerem "destreza específica" continuarão a necessitar do toque humano por um bom tempo.

Esta nova revolução industrial traz consigo implicações significativas. Dignum sublinha que, apesar dos robôs poderem substituir humanos em certas funções, não são eles que contribuirão para a segurança social ou pagarão impostos, mas sim as empresas que os utilizam. Esta perspectiva leva a uma reflexão sobre a necessidade de reformular o sistema fiscal e de segurança social para adaptar-se a esta nova realidade.

Para enfrentar estas questões, a investigadora defende a criação de uma agência internacional para monitorizar o desenvolvimento e uso da IA, bem como a revisão e criação de leis de autor e convenções internacionais para regular este avanço tecnológico.

O desafio de integrar a IA na sociedade é complexo e multifacetado. Envolve desde a redefinição de leis até a adaptação de estruturas económicas e sociais. Dignum, com sua participação ativa na esfera global, sublinha a importância de preparar-se para um futuro onde a inteligência artificial não é apenas uma ferramenta, mas um participante ativo na economia e sociedade. O "Futuro do Futuro" pode ser incerto, mas o diálogo contínuo e a preparação ativa são passos essenciais para assegurar que este futuro seja tão promissor quanto desafiador.

Morgado Jr.

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