Numa intervenção com várias críticas ao executivo chefiado por Luís Montenegro, o líder do PCP considerou que, na política fiscal, "afinal, a montanha que prometia um choque, pariu mais uma redução do IRC para os grandes grupos económicos".

"Tanta conversa e no fim o que o Governo quer, tal como sempre afirmamos, é mesmo aprofundar ainda mais a injustiça fiscal. Serão os rendimentos mais altos e mesmo muito altos a beneficiar das medidas avançadas, quando o que se impunha era a descida dos impostos sobre os rendimentos mais baixos e intermédios", disse.

Para Paulo Raimundo, o PSD e CDS/PP estão a "usar o IRS para justificar os milhares de milhões de euros que se preparam para entregar ao capital nas reduções do IRC e na derrama".

"Esses impostos não precisam de baixar ainda mais. Para tal, apresentaremos na próxima semana dois tipos de proposta que se dirigem de facto, aos salários mais baixos e intermédios, em vez de, como faz o Governo, se fixar nos rendimentos mais altos. Propostas que no plano do IRS e do IVA se traduzirão num efetivo e mais profundo benefício aos trabalhadores e reformados e em mais justiça fiscal", anunciou Paulo Raimundo .

Afirmou também que, na próxima semana, quando for discutida e votada a proposta do PCP para criar uma comissão de inquérito à privatização sobre a ANA (Aeroportos de Portugal), se verá quem realmente quer combater a corrupção.

"Aos que tantas vezes enchem o peito com o dito combate à corrupção, estão agora disponíveis para acompanhar o PCP nesta comissão parlamentar de inquérito? Os mesmos que consideraram que era um escândalo - e era - a indemnização de 500 mil euros dada à [ant5iga secretária de Estado] Alexandra Reis quando saiu da TAP, como é que se vão posicionar agora perante um escândalo que é só 40 mil vezes superior ao que esteve na base da comissão de inquérito à TAP? Veremos quem vai apoiar a proposta do PCP e quem se vai colocar ao serviço das multinacionais e do grande capital", denunciou Paulo Raimundo.

O secretário-geral do PCP realçou a iniciativa "para dignificar e valorizar os antigos combatentes das Forças Armadas, consagrando-lhes o complemento vitalício de pensão e a pensão mínima de dignidade".

Uma proposta que classificou como justa "e que ganha ainda mais significado nestes 50 anos do 25 de Abril".

No seu discurso, o líder comunista deixou ainda uma farpa ao PS por não ter aprovado moções de rejeição do programa do Governo.

"Foi justa, oportuna e clarificadora a moção de rejeição que o PCP apresentou ao programa de governo. Um sinal claro de denúncia e combate a uma política injusta que da qual não tivemos ilusões. Uma iniciativa clarificadora de quem de facto dá corpo ao projeto da direita e de quem se disponibiliza para lhe dar a mão sempre que for necessário. O programa de governo não deixa dúvidas e, perante isso, ou se o rejeitava ou dele se ficava dependente", acrescentou.

Joffre Justino