Numa noite coberta por uma tapeçaria de estrelas em Bucareste, a cidade encontrava-se a fervilhar de entusiasmo cinematográfico. O Festival de Cinema Experimental de Bucareste (BIEFF) estava prestes a encerrar as suas cortinas, mas não sem antes coroar os talentos que deixaram uma marca inegável na sétima arte.


Entre eles, uma estrela portuguesa resplandeceu mais intensamente: Catarina Vasconcelos, premiada pelo seu filme ""Noturno para uma Floresta"".
Morgado Jr.

Imagine-se numa sala escura, onde as imagens projectadas contam uma história inspirada pela Mata do Buçaco. Este é um cenário que Catarina explorou de forma corajosa e original. O filme lança um olhar penetrante sobre uma floresta do século XV, onde o acesso a mulheres era proibido pela Igreja. Este intricado tapete de narrativa, som e imagem recebeu, muito apropriadamente, o prémio de melhor realizadora na competição de curtas-metragens do BIEFF.

Quão especial é esta vitória? Recordemo-nos das palavras de Orson Welles: ""O cinema não tem fronteiras nem limites; é um fluxo constante de sonho"". Catarina Vasconcelos leva-nos nesse fluxo, não apenas marcando o seu nome na lista de premiados, mas também elevando o cinema português a um novo patamar.


O filme ""Noturno para uma Floresta"" já havia maravilhado o público no festival de cinema de Locarno, na Suíça, juntamente com ""Slimane"" de Carlos Pereira, que também foi digno de nota ao receber uma menção especial no BIEFF. Ambos os filmes são poderosos exemplos de como Portugal continua a dar cartas no cenário cinematográfico internacional.


Este triunfo no BIEFF vem depois de ""Metamorfose dos Pássaros"", outra obra-prima de Catarina que desde a sua estreia no Festival de Berlim em 2020, tem arrecadado prémios e admiradores. É como se o festival na Roménia fosse um novo capítulo numa epopeia que celebra não apenas o talento individual, mas também o poder colectivo do cinema português.

O BIEFF não foi apenas uma plataforma para Catarina Vasconcelos e Carlos Pereira. Outras produções portuguesas, como ""Dildotectonics"" de Tomás Paula Marques e ""Why are you image plus?"" de Diogo Baldaia, também fizeram parte do diversificado cardápio cinematográfico, solidificando ainda mais a presença portuguesa no evento.

O festival encerrou com ""Eureka"", uma coprodução argentino-portuguesa, provando mais uma vez que a língua do cinema é universal, mas que cada país, cada cineasta, traz ao ecrã um sotaque muito próprio. Portugal fez-se ouvir claramente nesta edição do BIEFF.

O cinema, nas palavras do renomado crítico Roger Ebert, é uma ""máquina de empatia"". Catarina Vasconcelos, com o seu ""Noturno para uma Floresta"", não só alcançou a empatia do público mas também provou que o cinema português tem uma voz única, capaz de ressoar através das fronteiras e dos tempos. O futuro parece luminoso para esta cineasta e para o cinema português como um todo.

Com a vitória de Catarina, podemos todos sentir um pouco mais de orgulho na cultura que nos une, na arte que nos desafia e nos filmes que nos fazem sonhar.


Esta é uma história que merece ser contada e celebrada. É uma história de conquista e de paixão pela arte; é a história de Catarina Vasconcelos, é a história do cinema português. É uma história para todos nós.
Morgado Jr.

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