Numa colaboração pioneira, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), através do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE), está a desbravar caminhos inovadores no combate à doença de Parkinson.

Sob a liderança de Ivo Dias, a equipa de investigadores concentra-se em desenvolver um novo fármaco que promete ser mais eficaz e ter menos efeitos secundários que os tratamentos convencionais.

A doença de Parkinson, um distúrbio neurodegenerativo que afeta milhões mundialmente, é marcada pela perda gradual de neurónios dopaminérgicos. Os tratamentos existentes focam-se em aumentar os níveis de dopamina, um neurotransmissor essencial para o controlo motor e funções cognitivas. Contudo, a eficácia desses tratamentos diminui com o tempo, exigindo doses mais altas que podem agravar os sintomas.

O foco desta nova pesquisa é inovador: ao invés de simplesmente aumentar a dopamina, a equipa da FCUP pretende modular os recetores de dopamina para que respondam melhor mesmo a níveis mais baixos do neurotransmissor. "Queremos aumentar a afinidade destes recetores para a dopamina, potencializando a resposta mesmo quando esta está em quantidades reduzidas", explica Ivo Dias.

O projeto DynaPro, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, também explora a melanostatina, um neuropéptido naturalmente presente no corpo humano com efeitos anti-Parkinson já comprovados. A equipa da FCUP trabalha para aperfeiçoar essa molécula, aumentando sua estabilidade biológica e melhorando a absorção gastrointestinal. "Encontrámos que a modificação de um dos aminoácidos, a prolina, pode intensificar a atividade moduladora dos recetores de dopamina sem perder eficácia", revela o investigador.

Os resultados até agora são promissores. Os análogos desenvolvidos são mais potentes que a melanostatina original e não apresentam toxicidade em células neuronais. A nova formulação também se destaca por seus efeitos secundários reduzidos, uma vez que a melanostatina não tem atividade na ausência de dopamina.

Este avanço coloca a FCUP na vanguarda das investigações sobre Parkinson, sendo uma das poucas instituições a focar nesta abordagem terapêutica. A equipe está agora a preparar-se para pedir a patente do fármaco e planeia ensaios *in vivo* para testar sua eficácia em modelos animais.

Com a contribuição de parceiros nacionais e internacionais, e uma equipe dedicada que inclui desde professores renomados a estudantes de doutoramento, o projeto DynaPro é um exemplo brilhante de como a colaboração científica pode abrir novos horizontes no tratamento de doenças complexas. A comunidade científica e os pacientes com Parkinson aguardam ansiosamente os próximos capítulos desta pesquisa promissora.