"Quando não se tem mais nada para oferecer, oferecem-se logótipos", diz Paulo Raimundo

O mesmo denunciou que o novo Governo já procura justificações para não cumprir promessas eleitorais e, perante o novo logótipo do executivo, considerou que, "quando não se tem mais nada para oferecer, oferecem-se logótipos".

Na concentração "Defender o Serviço Nacional de Saúde. Cumprir em Abril", organizada hoje em Lisboa pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, Paulo Raimundo foi confrontado se considera que a mudança do logótipo do Governo devia ter sido uma prioridade.

"Sem desrespeitar o autor, eu acho que isso é um não assunto. (...) Quando nós não temos mais nada para oferecer, oferecemos logótipos” e ironizou que, até agora, o Governo respondeu "de forma muito exata" à questão do logótipo e também "à ideia da corrupção, que já se está a ver que não vai dar em nada", numa alusão à decisão do executivo de mandatar a ministra da Justiça para falar com todos os partidos com assento parlamentar, agentes do setor da justiça e da sociedade civil com vista à elaboração de um pacote de medidas contra a corrupção.

"E há uma terceira ideia que começa a ganhar forma, quer por parte do Governo, quer por parte daqueles que sustentam o Governo, que é a ideia, a que eu fiz várias referências durante a campanha eleitoral, de que hoje promete-se tudo para amanhã, chegando ao poder, encontrar-se as justificações para não poder cumprir o que se prometeu", disse.

Face à comissão de inquérito proposta pelo Chega ao caso das gémeas, o líder comunista respondeu que "isso é só fumaça", e, interrogado se acha que o relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) deve ser tornado público, afirmou,
"É um relatório que tem um conjunto de informações e deve-se criar condições para ser tornado público, a não ser que haja algum procedimento concreto que o impeça de ser".

Sobre o assunto das gémeas luso-brasileiras, Paulo Raimundo defendeu que é necessário "garantir a possibilidade de acesso à saúde generalizada das pessoas, sejam elas quais forem", e considerou que "é de facto indigno um tratamento custar quatro milhões de euros", numa referência ao medicamento Zolgensma.

"Isso é que é indigno e é preciso resolver de uma vez por todas. Nesse caso em concreto não é possível, mas é possível aumentar a produção de medicamentos de forma a baixar os preços dos medicamentos e acabar com este escândalo que enche de facto os cofres à grande indústria farmacêutica".

Paulo Raimundo lembrou ainda que “Os problemas que existiam no dia 09 de março continuam a existir todos: as dificuldades de acesso à saúde, os problemas de falta de médicos, de não reconhecimento e valorização das carreiras... Tudo isso que existia está aí tudo e é preciso exigência de mudança", defendeu.

Joffre Justino