“Nossa resposta não tardará, tais ofensas não ficarão impunes em nossas relações internacionais”, assegurou Zakharova, em referência à decisão anunciada pelas autoridades da União Europeia nesta sexta-feira (12/12).

Na declaração, a porta-voz russa qualificou a medida adotada por Bruxelas sobre os recursos de Moscou como “uma grave violação do direito internacional”.n‘Roubo puro e simples’

Em seguida, Zakharova repudiou outro aspecto da decisão da União Europeia: a alusão a um possível uso dos recursos russos congelados para financiar a Ucrânia.

 

“Se isso se concretiza, se tratará de um caso de roubo puro e simples, não importa quais truques pseudojurídicos possam ser usados para justificá-lo”, questionou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo.

Zakharova também argumentou que “representantes de vários Estados-membros da União Europeia declararam abertamente sua rejeição categórica ao plano manifestamente fraudulento perpetrado pela Comissão Europeia em relação aos ativos russos”.

 

Situação econômica

Em outro momento da declaração, Zakharova destacou que “o fato de a Comissão Europeia se apropriar dos ativos russos com base em medidas que são consideradas cláusulas emergenciais, acionadas somente em situações econômicas difíceis, é bastante revelador do momento pelo qual esses países (membros da União Europeia) estão passando”.

 

“Assim, a União Europeia se expõe: não se trata apenas de financiar um projeto ucraniano fracassado, mas também de um claro desejo de melhorar a situação econômica da própria Europa usando bilhões das reservas estatais russas”, acrescentou a funcionária da diplomacia russa.

Valores em jogo

Segundo o canal russo RT, desde fevereiro de 2022, a Rússia já sofreu mais diferentes ações de congelamento dos seus ativos, tomadas por países do chamado Ocidente (Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido), que juntas acumulam mais de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão).

O caso mais controverso é o dos ativos que eram administrados pelo grupo financeiro belga Euroclear, que somam cerca de US$ 242,8 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão).

Em setembro, a Comissão Europeia propôs conceder à Ucrânia um “empréstimo de reparação” de € 140 bilhões (equivalentes a US$ 162 bilhões, ou R$ 887,6 bilhões), e que o valor fosse financiado com os ativos russos congelados. A medida foi rejeitada pelo governo da Bélgica, com o argumento de que o país poderia enfrentar represálias legais de Moscou.