As declarações foram feitas numa entrevista exclusiva à agência Xinhua, publicada nesta sexta-feira, 21.11
Em Hong Kong a participar no International Forum on China’s Economy and Policy, organizado pelo Chief Executive’s Policy Unit do governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e por um centro de estudos ligado à Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS) ao avaliar o processo de reformas das últimas décadas, Stiglitz destacou o impacto social e economico das mudanças implementadas pelo governo chinês.
“Qualquer pessoa que observe o aumento da rendimento, o número de pessoas retiradas da pobreza e a inovação que ocorreu na China ficará muito impressionada”, afirmou.
O economista elogiou o recém-divulgado documento com recomendações para o 15º Plano Quinquenal (2026-2030), que prioriza maior autossuficiência científica e tecnológica.
Para ele, trata-se de “um passo na direção certa”.
Stiglitz destacou que a China já ocupa uma posição de destaque em varios setores de ponta, mas acentuou a importância da cooperação internacional na produção de conhecimento:
“A natureza da comunidade internacional do conhecimento é que ela é uma comunidade global. É por isso que vocês precisam continuar abertos”.
Ele lembrou que, nas primeiras décadas de reforma e abertura, o crescimento chinês foi impulsionado pela incorporação de novas tecnologias e pela expansão das exportações industriais.
Agora, o país atua diretamente na fronteira da inovação. “A China está agora envolvida em patentes e pesquisa na fronteira”, disse. “Ainda há áreas em que precisa avançar, mas isso significa que mais recursos serão dedicados à ciência de fronteira”.
Em 2024, a economia chinesa cresceu 5%, respondendo por cerca de 30% do crescimento economico global.
“Ainda há muito espaço para que a economia chinesa cresça em um ritmo muito rápido”, afirmou e recomendou políticas públicas que reforcem a procura agregada doméstica, especialmente nos setores de saúde, educação e cuidados para idosos, fundamentais em um país que seguirá se urbanizando intensamente nas próximas décadas
Stiglitz também analisou o papel de Hong Kong face às incertezas da economia global.
Ele afirmou que o princípio “um país, dois sistemas” confere vantagens únicas ao território.
“A política de ‘um país, dois sistemas’ deu a Hong Kong uma adaptabilidade mais forte e maior flexibilidade, posicionando a cidade para responder de forma eficaz às mudanças em um mundo multipolar”, afirmou.
Para o economista, a expansão do comércio externo chinês e dos investimentos de empresas do país no exterior ampliará a relevância global da China — e Hong Kong continuará sendo um elo vital.
“À medida que o comércio exterior da China e o investimento corporativo no exterior continuarem a crescer, o país permanecerá um grande ator global, e Hong Kong desempenhará um papel ainda maior como ponte entre a China e o resto do mundo”, afirmou.
Ele também destacou os elementos que sustentam o status de Hong Kong como centro financeiro internacional:
“As vantagens únicas de Hong Kong em seu sistema jurídico e ambiente linguístico reforçaram seu status como um centro financeiro internacional”.
Stiglitz aconselhou a diversificação economica, preservando a solidez regulatória: “Regulações fortes podem significar perder alguns aspectos das finanças modernas, mas eu não me preocuparia”, disse. Ele recomendou que a cidade priorize setores como educação, saúde, turismo e inovação.
“Hong Kong está fazendo a coisa certa ao colocar a inovação e a educação no centro de sua estratégia economica”, afirmou.
O economista também comentou a estratégia anunciada pelo governo da Região Administrativa Especial para integrar educação, tecnologia e atração de talentos como forma de fortalecer a competitividade da cidade.