Vista do alto, a Amazónia ainda parece um oceano verde sem fim. Mas quem a sobrevoa de perto vê outra realidade: rios tingidos de ferrugem, fumo a subir em espiral das clareiras recém-cortadas e aldeias isoladas que lutam diariamente pela sobrevivência.

É neste cenário que os líderes dos Povos Indígenas de toda a região lançam um apelo desesperado. “Proteger a floresta tornou-se um trabalho a tempo inteiro… e um trabalho mortal”, denunciam, recordando que as suas comunidades patrulham noite e dia territórios ameaçados por madeireiros, garimpeiros e pelo avanço do agronegócio.

O ponto central da batalha é simples: os direitos à terra. Estudos comprovam que, onde os territórios indígenas são reconhecidos por lei, a desflorestação cai em 83%. Mas sem esses direitos, as invasões multiplicam-se e a floresta perde-se a um ritmo alarmante.

Neste momento decisivo, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva analisa decretos que podem assegurar a titularidade de vastas áreas às comunidades indígenas. A decisão coincide com a preparação da próxima Cimeira Mundial do Clima, a realizar-se no Brasil, e com a aproximação das eleições, aumentando a pressão sobre o Governo para demonstrar liderança ambiental.

Organizações como a Avaaz estão a mobilizar uma campanha internacional de financiamento e sensibilização para apoiar juridicamente estas comunidades, amplificar a sua voz nos media e pressionar o Governo brasileiro.

“As comunidades indígenas são as melhores guardiãs da floresta. Onde os seus direitos são reconhecidos, a floresta prospera”, recorda a equipa da Avaaz, apelando à solidariedade global.

Com o apoio internacional, os defensores da Amazónia esperam:

  • Impulsionar vitórias históricas sobre os direitos territoriais, com ações de advocacy e pareceres jurídicos;

  • Dar força às vozes indígenas, garantindo transporte, logística e presença política nos locais de decisão;

  • Fortalecer alianças no Congresso contra os interesses do agronegócio e da mineração;

  • Restaurar áreas críticas da floresta tropical através de projetos liderados por comunidades locais.

Há poucos meses, uma coligação semelhante conseguiu travar a chamada “lei da devastação”, que teria permitido destruir extensões imensas da Amazónia. Agora, a esperança renasce: esta pode ser a segunda grande vitória do ano na defesa da floresta e dos seus povos.

Por todas as vidas que a Amazónia abriga — humanas e não humanas — o apelo ecoa com urgência.
Doar é resistir. A floresta depende de nós.

 

Por Luciana, Marigona, Adela, Laura, Nell, Inês, João e a equipa da Avaaz
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