Provavelmente, um dos fatores que contribui significativamente para isso é a circunstância de termos espectadores que começaram a vir à Bienal pela mão dos pais e que hoje já são eles a trazer os filhos ou os netos a ver os bonecos. São as práticas regulares e consequentes que garantem a fruição cultural, a salvaguarda do património e que contribuem decisivamente para a formação dos públicos.
Bonecos de Santo Aleixo
Em 1981, começou no CENDREV o processo que levou à recuperação deste inestimável exemplar do teatro popular de bonecos do Alentejo. O processo foi, inicialmente, conduzido pelo Mestre António Talhinhas, o último titeriteiro tradicional que com eles trabalhou mais de quarenta anos. A sua presença revelou-se determinante no processo de recolha e fixação de todo o repertório e na aprendizagem da realização do espectáculo – desde a manipulação e circulação dos bonecos, às características próprias de cada personagem e à dimensão musical do espectáculo, cujo acompanhamento é assegurado ao vivo por uma guitarra portuguesa.
A experiência mantida ao longo destes anos com as viagens dos Bonecos um pouco por todo o mundo, o estudo e investigação entretanto realizados e publicados sobre diferentes aspectos deste teatro de títeres e o trabalho realizado a partir de uma cidade classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, constituem elementos da maior importância para a valorização deste importante espólio da nossa cultura popular.