Baixar o preço para compra, baixar as rendas e dizemos nós regressar às Cooperativas de Habitação! 

A líder parlamentar do Livre, o secretário-geral do PCP e a coordenadora do Bloco de Esquerda criticaram  hoje  sábado, 28.06,  o Governo PSD/CDS de estar a agravar a crise na habitação e exigiram medidas urgentes para o setor.

Aos jornalistas tanto  Isabel Mendes Lopes, do Livre, como Paulo Raimundo, do PCP, e Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, durante a  manifestação que juntou hoje várias centenas de pessoas numa tarde de muito calor em Lisboa, entre o Chiado e a Rua Augusta.

Esta  manifestação foi promovida pela plataforma Casa para Viver, que teve o apoio de várias associações e coletivos, entre eles “O Porta a Porta” — movimento pelo direito à habitação.

“Fui roubada. Tenho doença crónica e não estou a trabalhar a tempo inteiro. A minha situação é a pior possível”, declarou uma sra  senhora, que disse ter 57 anos e residir agora em Sesimbra por ter perdido a casa em Lisboa. E sem papas na lingua disse aos jornalistas, “Deixem de baixar o rabo ao capital e comecem a ouvir as pessoas”.

Quando a senhora parou de falar, Paulo Raimundo deu-lhe um abraço e um beijinho. E fez o seguinte comentário aos jornalistas: “Isto não são histórias, são vidas”.

O secretário-geral do PCP defendeu que se acentuaram os problemas de acesso à habitação e as “dificuldades das pessoas para aguentar as rendas insuportáveis ou as prestações”.

“Mas há outra realidade também que também se acentuou: A realidade dos lucros da banca e a dos lucros dos fundos imobiliários. A banca vai lucrando milhões por dia à custa de todo este sacrifício”, criticou.

Antes do início da manifestação, aos jornalistas, a porta-voz do Livre Isabel Mendes Lopes considerou que se vive “uma verdadeira emergência na habitação em Portugal”.

“Sobretudo este último Governo não tem dado a prioridade necessária para resolver este problema gravíssimo. Os preços de habitação tiveram o maior aumento de que há registo, os preços do arrendamento continuam a subir e há menos casas disponíveis”, afirmou.

A líder parlamentar do Livre assinalou depois que o primeiro-ministro, Montenegro, no seu discurso de posse, “não falou sobre habitação e, quando foi discutido o Programa do Governo no parlamento, o ministro da Habitação [Miguel Pinto Luz] não falou”.

“Isto mostra que, de facto, este Governo não tem a habitação como prioridade e as medidas até agora tomadas têm agravado os preços da habitação. O Governo não quer utilizar o Fundo de Emergência para a Habitação - medida que o Livre conseguiu aprovar no Orçamento para 2024 e que, basicamente, tem 100 milhões de euros por ano para ajudar todas as pessoas a não perderem a sua casa”, frisou, ( apostamos que serão 100 milhoes de caminho para os 2% da defesa…)

Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, disse que se multiplicam as promessas sobre construção, mas essas promessas “não chegam a tempo das vidas que agora não têm uma casa”.

“É preciso adotar medidas muito corajosas para enfrentar a crise das nossas vidas, mas o Governo está preocupado com outras coisas. Hoje, as pessoas não conseguem pagar a renda, não conseguem comprar uma casa. Hoje, há gerações e gerações que ou têm a sorte de herdar uma casa ou então estão excluídas do direito à habitação. E esta é a causa maior de empobrecimento no país”, sustentou a coordenadora bloquista.

Mariana Mortágua defende depois duas “frentes” em termos de medidas: “Baixar o preço para compra, baixar as rendas”.

“Isto quer dizer tetos às rendas, ter limites máximos, como recomenda a Comissão Europeia. Mas significa também falar sobre excessos de turismo, sobre excessos de alojamento local, falar sobre as casas vazias no nosso país”, completou.

A seguir, deixou uma critica à direita política, que estendeu ao PS.

“Não vemos o Governo a fazer nada e sabemos que, da parte dos partidos da direita, à qual o PS também se junta neste caso na Assembleia da República, não vemos nenhuma medida corajosa e determinada para baixar de uma vez por todas o preço da habitação”, acrescentou.

E recordamos o tempo em que em Portugal ainda se apostava na participação Cidadã !

No período alto das cooperativas de habitação em Portugal que se deu nas décadas de 1980 e 1990, com um impacto significativo na na vida de muitas famílias.

Foi um  período marcado por um forte incentivo governamental à criação de cooperativas de habitação económica, visando a promoção e construção de habitações para os seus membros. 
O modelo cooperativo permitiu que muitas famílias portuguesas tivessem acesso a condições vantajosas de aquisição de habitação. 
Estima-se que cerca de 600.000 pessoas beneficiaram de habitação cooperativa nesse período