A Embaixada da República Bolivariana da Venezuela apresenta os seus melhores cumprimentos e tem a honra de remeter, em anexo, a carta enviada pelo Presidente Constitucional da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, aos líderes mundiais, relativa à realização da Cimeira pela Paz e contra a Guerra, face aos ataques perpetrados pelo Estado de Israel contra a República Islâmica do Irão.
Agradecemos vossa colaboração para difundir em vossos espaços de comunicação
Com os melhores cumprimentos,
Embajada de la República Bolivariana de Venezuela
en la República Portuguesa
NICOLÁS MADURO MOROS
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA
Caracas, 23 de junho de 2025
Excelentíssimo Senhor,
Receba uma saudação fraterna do Povo e do Governo da República Bolivariana da Venezuela, juntamente com o nosso firme compromisso
com a paz, o desarmamento e o respeito ao direito internacional como fundamentos essenciais da convivência entre as nações.
A situação na Ásia Ocidental entrou numa fase de máxima tensão e violência.
A intensificação das agressões do Estado de Israel contra a República Islâmica do Irão, agravada pela ação militar dos Estados Unidos ao bombardear território iraniano, ameaça desencadear uma crise com consequências catastróficas, de natureza nuclear contra a região e o mundo.
A isto se soma a persistente recusa de Israel em desmantelar o seu arsenal nuclear não declarado, assim como a sua rejeição em se submeter ao regime de inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e em aderir ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Esta impunidade sustentada representa um sério risco para a segurança coletiva e mina os princípios do sistema multilateral.
Perante este panorama, a Venezuela faz um apelo urgente para que as organizações do Sul Global, incluindo o Movimento de Países Não Alinhados, a Liga de Estados Árabes, a Organização de Cooperação Islâmica, o Conselho de Cooperação do Golfo, a União Africana, os BRICS, a CELAC e outras instâncias regionais, promovam de maneira conjunta um cessar-fogo imediato e completo na Ásia Ocidental.
Este apelo ao cessar das hostilidades deve constituir o primeiro passo em direção a uma solução política integral, construída a partir do diálogo, da legalidade e do respeito soberano entre os Estados.
De maneira urgente, proponho, muito respeitosamente, a convocação de uma Cúpula pela Paz e contra a Guerra, para enfrentar o perigo crescente de um conflito que poderia arrastar a humanidade ao abismo de uma guerra nuclear, a qual deveria ser celebrada o mais brevemente
possível num país da Região, a fim de assegurar a participação direta dos atores mais envolvidos e enviar um sinal claro de vontade regional pela p a z .
Acreditamos que esta cúpula deveria ser liderada coletivamente pela Liga Arabe, a Organização de Cooperação Islâmica, a Organização de Cooperação do Golfo e os BRICS, com o compromisso de potências globais de paz como a República Popular da China e a Federação Russa, contando com a participação plena e ativa das nações do Sul Global comprometidas com o multilateralismo e a paz.
Ademais, como parte dos compromissos que a Cúpula deveria buscar impulsionar, propomos avançar na criação de uma Zona Livre de Armas Nucleares na Ásia Ocidental, e exigir ao Conselho de Segurança um mecanismo imediato de desarmamento nuclear em Israel, cujo arsenal secreto representa uma grave ameaça à estabilidade regional e do mundo.
Em 1958, em pleno auge da Guerra Fria, a URSS apresentou perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, uma primeira iniciativa para converter a região do "Oriente Próximo e Médio" numa zona de paz livre
de armas nucleares, uma proposta que defendia a integração regional
baseada na não proliferação e na cooperação pacífica, marcando o
primeiro esforço multilateral em direção à desnuclearização regional.
Em dezembro de 1974, o Irão apresentou a primeira resolução na Assembleia Geral da ONU para formalizar o “estabelecimento de uma
zona livre de armas nucleares na região do Médio Oriente",
copatrocinada pelo Egito.
Essa resolução foi aprovada sem qualquer voto de oposição.
Desde então, a ONU tem renovado esse mandato periodicamente, confirmando assim um consenso internacional histórico a favor de uma zona livre de armas nucleares na Ásia Ocidental, consenso que hoje é
imperativo reafirmar e materializar.
Do mesmo modo, reiteramos que uma paz duradoura na região será impossível sem uma solução justa ao conflito palestino, conforme as resoluções das Nações Unidas, que reconhecem o direito do povo palestino a um Estado soberano com Jerusalém Oriental como sua capital, e ao retorno dos refugiados.
A Venezuela reafirma a sua convicção de que só uma abordagem inclusiva, baseada no respeito ao direito internacional e na igualdade soberana entre as nações, pode garantir uma paz verdadeira na Ásia Ocidental.
Confiamos que este apelo será ouvido e contribuirá para forjar um consenso internacional firme para deter a guerra, conter a ameaça nuclear e construir uma arquitetura de paz sustentada na justiça.
Nossos povos esperam que detenhamos a guerra e que façamos uma paz oduradoura sobre os princípios da Organização das Nações Unidas.
Temos o dever inadiável de uma ação coletiva responsável a favor da existência humana em todos os cantos do planeta.
Receba Vossa Excelência as garantias da minha mais alta consideração e
respeito.
NICOLÁS MADURO MOROS