Segundo a última pesquisa, 72% dos brasileiros consideram errada a imposição das tarifas vinculadas ao caso Bolsonaro e 79% temem que a medida afete diretamente sua qualidade de vida.
Além disso, 63% rejeitam o argumento de Trump de que a relação comercial entre Brasil e EUA seria injusta.
O cientista político Guilherme Casarões, professor da FGV EAESP, explicou o fenomeno à reportagem: “Sempre houve, no caso do Brasil, um antiamericanismo histórico, que tem a ver com intervenções diretas ou indiretas daquele país na política nacional. Mas isso nunca foi maior do que a admiração e até a espécie de modelo que os Estados Unidos representam para o Brasil em alguns estratos sociais, com a percepção de que lá é ‘o Brasil que deu certo’. Agora que viramos alvo específico, essa percepção vai naturalmente se degradar”.
Mas o Pew Research Center identificou tambem uma queda acentuada da aprovação global dos Estados Unidos.
Em 14 das 25 nações analisadas, a opinião favorável sobre o país caiu nos últimos doze meses. Países historicamente aliados, como Canadá e países da Europa Ocidental, passaram a olhar para os EUA mais como ameaça do que como um parceiro confiável. Apenas três países — Israel, Nigéria e Turquia — registraram melhora na percepção positiva.
No Brasil, mesmo antes do tarifaço, o desgaste era evidente: a aprovação positiva em relação aos EUA caiu de 64% para 56%, conforme pesquisa de junho.
A queda já era notada em levantamentos anteriores, impulsionada por temas como deportações de imigrantes brasileiros. Entre março de 2024 e abril de 2025, os números da Quaest apontavam uma queda ainda mais acentuada, de 58% para 44%.