Desiludido o meu amigo tentou os outros Hospitais (Luz, Lusíadas, etc.) e Clínicas. A conversa repetiu-se. Só para Janeiro e, em alguns casos, Fevereiro de 2026, mas para amanhã se fora dos protocolos.
Este esquema parece ser a contento de todas as partes interessadas (as Seguradoras que assim veem os custos diminuir, os médicos que cobram mais do que as tarifas estabelecidas com as seguradoras, os Hospitais e clinicas privadas que conseguem maior receita) menos para os doentes. Estes coitados ou pagam ou esperam, agravando o sofrimento e protelando perigosamente o tratamento.
O meu amigo acabou por recorrer ao sistema público onde conseguiu uma situação menos má, uma consulta para daí a mês e meio sem custos exorbitantes. Mas um mês e meio de espera é claramente um exagero no caso de uma doença grave como era o caso.
As autoridades de supervisão fecham os olhos e tudo se passa às claras perante o gaudio de uns poucos e o desespero de muitos. O negócio, a fraude, sobrepõem-se à saúde e à vida das pessoas.
Com mais de milhão e meio de excluídos do médico de família (em algumas regiões cerca de 50% dos habitantes), com as longas listas de espera por cirurgias e tratamentos, com o fecho e a restrição de acesso às Urgências, com os nascimentos nas ambulâncias normalizados, com a mortalidade infantil a subir em flecha, o sofrimento silencioso e amargurado dos doentes, o modelo liberal mostra-se incapaz de responder às necessidades mais básicas mesmo as da classe média capaz de pagar seguros de saúde de custo elevado.
Finalmente culpa-se diariamente a falta de médicos pela situação. E logo se acrescenta que demoram vários anos a formar. Como quem diz não há solução, é aguentar. Mas também não há operários da construção, nem trabalhadores para o turismo e qualquer destas indústrias resolveu facilmente o problema da escassez de mão-de-obra. A solução chama-se IMIGRAÇÃO e tanto serve para a construção, o turismo, como para os médicos e enfermeiros. O que falta é vontade de resolver o problema. Uma vontade que fenece à medida que os lucros privados crescem fabulosamente e o investimento público se dirige para a compra de armas.
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Foto de destaque: Criada por IA para representar a realidade retratada no artigo