A poucos dias da celebração do Dia Mundial Sem Tabaco, o alerta não podia ser mais contundente: fumar compromete não só a fertilidade do casal como pode colocar em risco a saúde dos filhos ainda por nascer.

Quem o afirma é o Dr. Samuel Ribeiro, ginecologista, obstetra e diretor clínico do IVI Lisboa, especialista em Medicina da Reprodução.“O tabaco compromete a fertilidade e pode causar danos irreparáveis na saúde dos filhos”, adverte o médico, referindo-se aos múltiplos estudos científicos que confirmam os efeitos nocivos do tabagismo em homens e mulheres em idade fértil.

Segundo o especialista, as mulheres fumadoras têm até 60% mais probabilidade de enfrentar infertilidade em comparação com não fumadoras. Mesmo quando recorrem a técnicas de procriação medicamente assistida, o sucesso é significativamente inferior. “As toxinas do tabaco afetam o funcionamento dos ovários, a qualidade dos óvulos e a capacidade de implantação do embrião no útero, aumentando o risco de abortos espontâneos”, explica o Dr. Ribeiro.Nos homens, o impacto não é menor.

A exposição prolongada ao tabaco traduz-se em menor concentração e mobilidade dos espermatozoides, além de fragmentação do ADN espermático, o que compromete não só a fertilidade como a saúde do embrião.Mas o mais preocupante, segundo o médico, é o que ainda está para vir: “Os estudos sugerem que filhos de mães fumadoras podem herdar problemas reprodutivos, como menor qualidade espermática nos rapazes e baixa reserva ovárica nas raparigas.

Além disso, há um aumento do risco de malformações, obesidade, transtornos de comportamento e até cancro infantil.”Este efeito transgeracional do tabaco, ainda pouco conhecido pelo grande público, transforma o ato de fumar num fator de risco com repercussões intergeracionais.

“Deixar de fumar antes da conceção é um ato de responsabilidade para com os filhos. Não se trata apenas de saúde individual, mas da saúde de uma nova vida”, reforça o especialista.Com mais de 250.000 crianças nascidas com apoio médico e tecnológico, o IVI — que se fundiu com o grupo RMA tornando-se a maior rede mundial em Medicina da Reprodução — sublinha assim o papel da prevenção e da consciencialização no planeamento familiar.

“O futuro começa antes da conceção. Escolhas conscientes hoje podem garantir gerações mais saudáveis amanhã.”