O caso chamou a atenção pela forma como foi executado: Pacífico utilizou um mecanismo legítimo de governança corporativa — a aquisição de uma única ação da JBS — como pretexto para viabilizar a entrada de ativistas na sede da companhia. Ao chegar ao edifício acompanhado por duas ativistas, que não constavam na lista de visitantes e não se identificaram como acionistas, facilitou o acesso ao interior da empresa sem autorização.
Simultaneamente, outros integrantes do grupo escalaram os muros da empresa com cordas, escadas e uniformes falsos de manutenção, numa ação claramente coordenada e previamente planejada.
Entre os participantes estava Cristiane Mazzetti, conhecida ativista do Greenpeace, que transmitiu a invasão em direto nas redes sociais da organização. A transmissão foi usada para criticar os planos da JBS de listagem de ações no exterior — um movimento que poderia fortalecer ainda mais a multinacional, onde o BNDES detém participação acionista.
Nem Cristiane nem a sua colega realizaram o registo de entrada conforme o protocolo de segurança da empresa, o que evidencia o caráter irregular da ação. Ao não ser acionista, a presença de Mazzetti revelou-se não apenas irregular, mas também um uso indevido da estrutura formal da assembleia para fins de protesto.
No Brasil, a ação do Greenpeace gerou críticas e levantou suspeitas de possível aproveitamento de estratégias de concorrência desleal — utilizando o ativismo para influenciar o posicionamento de mercado da empresa.
Este caso reacende o debate sobre os limites do ativismo ambiental e os riscos do uso instrumental de práticas legais para fins de militância radical, num cenário onde ética, legalidade e reputação empresarial estão em jogo.
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Foto de destaque: Criada por IA