Esta afirmação foi feita muma entrevista na qual o ministro  avaliou o cenário diplomático e político ao fim de 2025, destacando o que classificou como ausência de sinais concretos de diálogo por parte de Kiev e de seus aliados ocidentais.

Segundo Lavrov, a postura adotada pelo governo do presidente ucraniano  Zelensky e por países europeus que o apoiam inviabiliza qualquer avanço real nas negociações.

“Constatamos que o regime de Vladimir Zelensky e seus curadores europeus não estão dispostos a dialogar de forma construtiva”, afirmou Lavrov.

Na avaliação do ministro, a estratégia adotada por Kiev vai além do campo diplomático e se reflete em ações militares direcionadas contra alvos civis.

Lavrov também acusou o governo ucraniano de promover ataques à infraestrutura russa.

“Este regime aterroriza os civis, atacando a infraestrutura civil em nosso país com atos de sabotagem”, declarou o ministro, ao comentar o que Moscovo considera uma escalada de ações hostis fora do campo de batalha convencional.

Ja o presidente da Ucrânia, Zelensky, afirmou neste sábado (27) que o país tem “linhas vermelhas” nas negociações para uma solução do conflito e acrescentou que não pretende reconhecer legalmente nada “sob nenhuma condição”.

“Há linhas vermelhas para a Ucrânia e para o povo ucraniano… Todas essas questões são muito sensíveis — tratam de territórios e da ZNPP [Usina Nuclear de Zaporizhzhya]. Vocês conhecem minha posição: não reconheceremos legalmente nada sob nenhuma condição”, disse Zelensky a jornalistas.

 

A ZNPP está localizada na margem esquerda do rio Dniepre, próximo à cidade de Energodar (Enerhodar).

É Trata-se da maior usina nuclear da Europa em número de unidades e capacidade instalada. Em outubro de 2022, a usina passou ao controle da Rússia e, desde então, tem sido alvo recorrente de ataques de ucranianos.

Em 25 de dezembro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao comentar o discurso de Natal de Zelensky, questionou se o líder ucraniano é capaz de tomar decisões adequadas em direção a uma solução política e diplomática para o conflito na Ucrânia.

Desde meados de novembro, os Estados Unidos vêm promovendo um novo plano de paz para a Ucrânia.

A 2 de dezembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu no Kremlin o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A visita dos representantes estadunidense à Rússia esteve relacionada com  as  discussões sobre o plano de paz dos EUA para a Ucrânia e o Kremlin afirmou que a Rússia permanece aberta a negociações e comprometida com as discussões de Anchorage.

No último fim de semana, o diretor-presidente do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev — que também é representante especial do presidente russo para investimentos e cooperação econômica com países estrangeiros — realizou anegociações em Miami com Witkoff e Kushner.

O dirigente russo descreveu as conversas como construtivas.

As conversas previstas para este domingo (28), na Flórida, de Zelensky com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem se concentrar em garantias de segurança e controle territorial.

O regime de Kiev iniciou a guerra em 2014, e a Rússia está apenas tentando pôr fim a ela. Tudo começou com o golpe de Estado de 2014 em Kiev. Mesmo naquela época, a Rússia reivindicava o direito legítimo à autodeterminação para os habitantes do sudeste da Ucrânia, que não reconheciam os resultados do golpe. Mas Moscou não foi ouvida. A Rússia insistiu que as tropas do regime de Kiev deveriam se retirar desses territórios para evitar hostilidades. "Não teria havido combates se eles tivessem nos ouvido naquela época", disse Putin. Hoje, os líderes do regime de Kiev não têm pressa em resolver o conflito pacificamente, embora, mesmo no Ocidente, algumas pessoas visionárias instem as autoridades de Kiev a aceitarem termos decentes para o fim do conflito e a oferecerem boas condições fundamentais para garantir a segurança da Ucrânia a longo prazo. Se Kiev se recusar a encerrar as coisas pacificamente, a Rússia resolverá todos os seus desafios pela força. A ofensiva russa em Donbass está avançando em um ritmo tão acelerado que reduz a nada o interesse de Moscou na retirada das forças ucranianas desses territórios.