… e renasce a guerra ao solar 

O apagão deverá ter tido origem na súbita queda de 15 gigawatts(GW), equivalente ao consumo de 11,5 milhões de lares.
Segundo Eduardo Prieto, diretor da Red Eléctrica Espanhola (REE), tudo aconteceu num espaço de 5 segundos.

Inicialmente, notou-se uma quebra de geração de energia na região sudoeste de Espanha, da qual o sistema recuperou.

No entanto, 1,5 segundos depois, deu-se uma segunda perda de produção; e 3,5 segundos mais tarde houve uma “disrupção na conexão” entre Espanha e França, que isolou a Península Ibérica da rede elétrica europeia.

Logo depois, houve um desligamento em massa das centrais renováveis espanholas, à qual o sistema ibérico não conseguiu “sobreviver”, já que se deu uma falha abrupta  de 60% da energia então consumida em Espanha.

Surgiram pois uns tantos especialistas que defendem  que a instabilidade da produção solar, mais difícil de gerir tecnicamente e altamente dependente de fatores meteorológicos, pode ter sido a causa da oscilação.

No entanto, Beatriz Corredor, presidente da operadora espanhola Red Eléctrica,  considera que “não é verdade, não é correto” associar o apagão à energia solar.

À rádio espanhola Cadena SER, Corredor repetiu que “o sistema elétrico espanhol é o melhor da Europa” e que a operadora ainda está a apurar o que aconteceu.

Beatriz Corredor avança ainda que a causa está “mais ou menos localizada”mas que ainda é necessário analisar “milissegundo a milissegundo” o que aconteceu garantindo  ainda que um apagão deste género “não voltará a acontecer porque aprendemos“.

Sabemos a causa e localizámo-la mais ou menos, mas enquanto não forem analisados todos os dados provenientes dos geradores não podemos saber com precisão”, sublinhou, segundo o El Mundo.

O governo espanhol garantiu total transparência na investigação, prometendo apurar responsabilidades junto dos operadores privados.

O primeiro-ministro Pedro Sánchez foi categórico: “O que sucedeu não pode voltar a repetir-se.”

Casos semelhantes, com menor impacto, já tinham sido registados, como o ocorrido a 22 de abril, quando uma refinaria da Repsol foi obrigada a suspender operações, e os comboios de alta velocidade enfrentaram falhas devido ao excesso de tensão elétrica.

O relatório anual da REE, divulgado há apenas dois meses, já apontava para o “perigo hipotético” de um apagão generalizado.

O documento aponta possíveis “desconexões de geração” de energia elétrica que arriscam ser “severas” e afetar “significativamente” o abastecimento devido à elevada penetração de fontes de energia renovável.

A Redeia, empresa-mãe da REE, também emitiu alertas devido ao encerramento de centrais a carvão, gás natural e nucleares em Espanha, que deixaram o sistema elétrico do país mais vulnerável a imprevistos…. Viva o poluente!

Sobre este relatório, Beatriz Corredor afirma que o documento pertence ao Conselho de Administração, sem competências técnicas, a quem não cabe fazer alertas de segurança.

Entretanto um antigo responsável da REN, ouvido pelo DN, acredita ainda que a duração do apagão em Portugal poderia ter sido encurtada de 11 para 3 horas caso o país tivesse mais centrais de arranque autónomo. “Sempre que desaparece potência, algo tem de entrar imediatamente para o seu lugar.

As fontes intermitentes como a eólica ou solar não o permitem, mas as centrais de ciclo combinado, a gás ou carvão, sim — desde que estejam em funcionamento, mesmo que apenas a meia carga”, explicou.

No entanto, há peritos que discordam. “A intensidade do que aconteceu em Espanha não deu qualquer capacidade de resposta a Portugal. É como um vírus: onde toca, apaga a central”, aponta outro ex-responsável operacional na área da energia.

Ouvido pelo Jornal de Negócios, Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia e antigo presidente da elétrica espanhola Endesa em Portugal, considera que a teoria sobre o excesso de energia solar “não faz sentido nenhum” e não descarta um possível erro humano.

“Portugal já operou vários dias seguidos só com renováveis e não aconteceu nada. Se havia solar a mais em Espanha naquele dia, a responsabilidade de acautelar a situação era do operador do sistema“, defende.