O que queres é o mais certo
Neste mundo tão incerto,
És o bem que me restou.
Que virá com Tua guia,
Com Teu auxílio superno?
A breve fama tardia
Ou o esquecimento eterno?
Ó meu Deus, só Tu me sabes,
No meu peito só Tu cabes
(Dá-me um abraço paterno...)
Senhor, meu eu... sempre ele...
Purifica este eu!
E que eu viva só naquele
Que não é meu, mas que é Teu;
Se Tua mão me conduz
Há de haver um eu de luz,
Que rebrilha em meio ao breu.
Quem Teu amor conheceu
Desvestiu-se, ficou nu;
Já não lhe resta seu eu,
Mas para sempre só Tu:
Tu preenches seus espaços,
Tu o amparas em abraços
(Sai correndo Belzebu...)
Ficamos, Deus, combinados,
Sobre os dois eus que possuo
(O Teu e o meu geminados),
E o que farás deste duo:
Bem muito do eu maior,
Bem pouco do eu menor
(Este em Ti eu diminuo).
Campinas, 19 de março de 2025
Para Jairo Dechtiar, Robert Nikobin e Farid Nouran