Num tempo em que o medo parece querer ganhar lugar nas ruas, nos discursos e até nas instituições, centenas de pessoas em várias cidades portuguesas decidiram organizar-se para erguer a voz contra o ódio, a violência e a impunidade.

Este domingo, 15 de junho, em frente a teatros e praças emblemáticas de cidades como Lisboa, Braga, Porto, Funchal, Évora e Angra do Heroísmo, realiza-se uma concentração nacional sob o lema: “Não queremos viver num país do medo”.

Mais do que uma mobilização simbólica, trata-se de um apelo urgente e coletivo: recusar a normalização da violência extremista e fascista. “Tem vítimas e feridas reais”, lembra o manifesto da convocatória, referindo-se a episódios recentes que marcaram a sociedade portuguesa, incluindo casos como o de Alcindo Monteiro e Adérito Lopes – símbolos da resistência contra o racismo e a intolerância.

“Afirmamos que os direitos humanos, a liberdade e a dignidade não são negociáveis”, declara o movimento, que se demarca de qualquer neutralidade perante o crescimento da extrema-direita.A iniciativa apresenta três reivindicações claras:

1.O fim da impunidade dos grupos violentos de extrema-direita;

2.O reforço da atenção e vigilância das autoridades sobre esses grupos;

3.A divulgação imediata do capítulo omitido no último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo à extrema-direita.Esta ação coordenada percorre o país de norte a sul e ilhas, com concentrações já confirmadas em 13 localidades, entre elas Almada, Torres Novas, Odemira, Faro e Beja.

Em todas elas, o mote é o mesmo: a defesa intransigente da liberdade, da justiça social e da vida humana em todas as suas formas.A escolha de locais simbólicos como teatros e praças culturais é, também ela, uma declaração de princípio: a cultura, a arte e o espaço público não podem ser colonizados pelo medo. São territórios de liberdade e resistência.“Queremo-nos organizar, de forma firme e solidária, para dizer basta à violência da extrema-direita ()

O fascismo não passará”, reforça o apelo à mobilização.Num contexto político e social cada vez mais polarizado, este movimento representa uma faísca de esperança democrática. Reunindo cidadãos comuns, artistas, ativistas, associações e figuras públicas, esta ação pretende marcar uma posição firme: a defesa da democracia começa com a coragem de dizer não ao medo e ao silêncio.

Cidades com concentrações confirmadas (15 de junho):

•Lisboa – Frente ao Teatro A Barraca, 16h

•Porto – Praça da Batalha, 18h

•Braga – Em frente ao Theatro Circo, 17h

•Coimbra – Praça 8 de Maio, 17h

•Almada – Frente ao Fórum Romeu Correia, 11h

•Torres Novas – Praça 5 de Outubro, 11h

•Évora – Jardim do Teatro Garcia de Resende, 17h

•Beja – Frente ao Pax Julia Teatro Municipal, 16h

•Odemira – Frente ao Cineteatro Camacho Costa, 16h

•Faro – Frente ao Teatro Lethes, 17h30

•Funchal (Madeira) – Frente ao Teatro Municipal Baltazar Dias, 16h

•Angra do Heroísmo (Açores) – Frente ao Teatro Angrense, 16h

📣 A liberdade não é um dado adquirido – é um compromisso diário. No dia 15, as ruas voltam a ser nossas.