Criada em 1946 nos EUA, a Fundação Fulbright, programa de intercâmbio cultural e educacional, está no Brasil desde 1957 e nesses 78 anos em solo brasileiro, o programa levou “4.900 brasileiros para estudar no Estados Unidos e trouxeram quase 3.400 norte-americanos para o Brasil”.
A solução apresentada para receber a bolsa é a troca ou supressão de palavras ou expressões como: direitos humanos, perseguições por gênero, classe ou raça, emancipação social, promoção da justiça social, sistemas de opressão, crise dos princípios democráticos, crise ecológica, violação de direitos humanos e civis, entre outros termos.
Tudo termos que se contrapõem ao autoritarismo, ao negacionismo, ao protecionismo, à censura, à violência sobre os direitos, à promoção da desigualdade social impostos por governos ultraconservadores como o de Trump. “Vejo um novo macartismo crescendo. E um regime autoritário nos EUA não é a mesma coisa que uma ditadura na Coréia do Norte, Hungria ou Venezuela, pois traz consequências muito mais nefastas (inclusive para o mundo académico) e mexe com a geopolítica internacional de uma forma bem mais perigosa”, explica o professor Marco Antônio.
Desde os primeiros dias desse segundo mandato, o presidente americano tem assinado decretos com instruções sobre a forma como o governo deve tratar, por exemplo, as questões de gênero e combate ao racismo.
Assim, tem se visto uma verdadeira caça às bruxas em escolas, universidades, agências de fomento à ciência e à pesquisa, por meio da cassação de projetos, banimento de livros e publicações sobre os temas censurados, entre outras medidas.
Ironicamente, sob o título de “Restaurando a Liberdade de Expressão e Encerrando a Censura Federal”, o primeiro decreto de Trump teve como objetivo reforçar o “compromisso da Casa Branca com a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos”, isto é, o do direito à liberdade de expressão. A razao foi de que o governo Biden praticara a censura ao defender e implementar uma política de combate aos fake News que atingiu diretamente as big techs.
Empresas essas que agora têm passe livre no governo estadunidense.
Não estaria a liberdade de expressão diretamente ligada à liberdade de pensamento? Liberdade que se manifesta, principalmente, nas universidades e instituições de pesquisa, locais, por excelência, da reflexão crítica e eticamente construída sobre as questões humanas, sociais, políticas, econômicas e as referentes à saúde, à justiça e à preservação ambiental? Ao atacar a autonomia das instituições e interferir diretamente na ciência e na pesquisa, Trump tenta impor nos EUA a sua única e distorcida visão de mundo.
Proibe-se a possibilidade de trocas de experiências e a produção de conhecimento, para lidarmos com as grandes contradições desse mundo tão amplo e diverso.