O primeiro pilar do sistema é a coesão — a criação de uma rede ciclável contínua e interligada. Cada parte da infraestrutura é desenhada para funcionar como um sistema integrado, onde não há “elos fracos”. O objetivo é garantir que qualquer pessoa possa atravessar cidades ou regiões inteiras de bicicleta com facilidade e fluidez, sem obstáculos ou interrupções.
O segundo princípio, direcionalidade, garante que o percurso de bicicleta seja o mais direto possível — idealmente com desvios inferiores a 20% em relação a uma linha reta. Em muitos casos, os ciclistas têm prioridade nos cruzamentos, e infraestruturas como passagens superiores e túneis evitam interrupções, fazendo com que pedalar seja, muitas vezes, mais rápido que conduzir.
A segurança é o terceiro princípio e envolve tanto a redução de conflitos com outros veículos como a mitigação dos riscos em caso de acidente. Onde não é possível reduzir diferenças de velocidade ou tamanho entre os veículos, há separação física. Rotundas protegidas, passagens cicláveis e visibilidade constante são elementos-chave para garantir que os ciclistas estejam sempre seguros e visíveis.
Mais do que seguro, pedalar na Holanda é confortável. A infraestrutura é pensada para proporcionar um trajeto suave, livre de stress e acessível a todas as idades — de crianças a idosos. Pistas bem mantidas, inclinações suaves, proteção contra o vento e a chuva e espaço amplo são alguns dos elementos que tornam a experiência inclusiva e atrativa.
Por fim, o princípio da atratividade transforma o ato de pedalar numa experiência sensorial. Iluminação cuidada, arte urbana, paisagismo e percursos por zonas agradáveis tornam o trajeto mais do que uma deslocação — uma verdadeira vivência urbana. Evitam-se áreas degradadas ou industriais e privilegiam-se espaços vivos, naturais e seguros.
Esta abordagem integrada da mobilidade tornou a Holanda um símbolo de desenvolvimento urbano inteligente e sustentável.
Com base nestes cinco princípios — já testados e comprovados —, o país está pronto para partilhar o seu saber com parceiros internacionais.A mensagem é clara: ao investir em ciclismo com estratégia e sensibilidade, podemos transformar as cidades, melhorar a saúde pública, reduzir a pegada ecológica e criar comunidades mais justas e vibrantes.
Para um futuro mais verde, talvez o caminho não passe por acelerar mas por pedalar.