A Rússia anunciou progressos significativos no desenvolvimento da EnteroMix, uma vacina experimental concebida para estimular o sistema imunitário a combater células cancerígenas.

Desenvolvida pelo Centro Nacional de Investigação Médica em Radiologia (NMRRC) em colaboração com o Instituto Engelhardt de Biologia Molecular, a terapia utiliza uma combinação de quatro vírus não patogénicos para induzir resposta antitumoral.

Segundo a Agência Médica e Biológica Federal da Rússia (FMBA), estudos pré-clínicos realizados ao longo de três anos demonstraram uma redução significativa do crescimento tumoral em modelos animais. Em alguns casos, observou-se até a eliminação total dos tumores. A diretora da FMBA, Veronika Skvortsova, descreveu a vacina como uma ferramenta “promissora”, sobretudo no tratamento de cancros colorretais, glioblastomas e melanomas.

Contudo, apesar do entusiasmo oficial, a comunidade científica internacional pede cautela. Até agora, não existem publicações em revistas científicas de referência que confirmem os resultados em humanos, nem dados revistos por pares que sustentem as taxas de eficácia mencionadas em alguns meios de comunicação. De acordo com a plataforma de verificação Snopes, a EnteroMix não foi ainda formalmente aprovada para uso clínico generalizado, estando apenas em fase inicial de ensaios clínicos.

Especialistas recordam que a transição de resultados positivos em animais para a prática clínica em pacientes humanos é complexa e incerta. “Os avanços em vacinas oncolíticas são encorajadores, mas precisamos de provas sólidas em ensaios de larga escala antes de falar em revolução terapêutica”, afirmou Andrei Kaprin, oncologista-chefe do Ministério da Saúde russo, citado pela agência TASS.

A aposta russa insere-se numa tendência global de desenvolvimento de vacinas personalizadas contra o cancro, área em que também a BioNTech e a Moderna estão a investir, explorando tecnologias de RNA mensageiro. Caso os ensaios clínicos confirmem segurança e eficácia, a EnteroMix poderá vir a reforçar a luta internacional contra uma das doenças mais desafiantes da atualidade.

Fontes: