Um vídeo angustiante registado por um transeunte está a lançar luz sobre um dos acidentes aéreos mais chocantes do ano. Um Boeing 787 Dreamliner da Air India caiu segundos após a descolagem, originando uma bola de fogo que devastou um edifício residencial próximo ao aeroporto de Ahmedabad.

A aeronave tinha como destino o Aeroporto de Gatwick, em Londres, com 242 pessoas a bordo — entre passageiros e tripulação — e, segundo as autoridades locais, não há sobreviventes confirmados até ao momento.

O impacto provocou também dezenas de feridos graves em terra. Um centro de acolhimento foi rapidamente estabelecido no Reino Unido para apoiar os familiares das vítimas, entre os quais se contam pelo menos 53 cidadãos britânicos.

Um vídeo que inquieta e alerta

A gravação mostra a aeronave a voar baixo, quase nivelada com o horizonte, com o trem de aterragem ainda visível e os flaps (elementos que ajudam a levantar voo) aparentemente recolhidos.

Segundo a analista de aviação Mary Schiavo, “a configuração da aeronave não era adequada para descolagem. A inclinação do nariz era quase neutra, e não apontada para o céu como é suposto”. Um possível duplo falhanço de motor foi levantado, mas ainda não confirmado.

O avião terá emitido um pedido de emergência (“Mayday”) pouco depois de atingir a velocidade de descolagem — o que indica que a tripulação percebeu que algo estava seriamente errado. A perda de contacto foi registada a apenas 625 pés de altitude (cerca de 190 metros), antes da queda súbita.

O que falhou?

Especialistas apontam que o Boeing 787 Dreamliner é considerado uma das aeronaves mais seguras do mundo, com milhares de sensores e sistemas de verificação automática. No entanto, neste voo, os protocolos automáticos de verificação parecem não ter sido cumpridos ou acionados. A ausência de flaps estendidos e o trem de aterragem ainda em baixo sugerem que a aeronave pode não ter estado devidamente configurada para descolar.

Segundo o analista Miles O’Brien, “num dia quente, com um avião completamente carregado e sem os flaps estendidos, o avião simplesmente não consegue gerar a sustentação necessária”.

Outro dado relevante: a zona do acidente é conhecida por problemas com aves de grande porte, como abutres e milhafres pretos, o que levanta a hipótese de uma colisão com aves ter comprometido os motores.

O peso da primeira vez

Este é o primeiro acidente fatal envolvendo um Boeing 787 desde que o modelo entrou em operação em 2011. Com mais de mil unidades em serviço globalmente, o Dreamliner tem um histórico de segurança exemplar — o que leva especialistas a apontar para uma falha operacional ou erro humano, e não um problema sistémico da aeronave.

A esperança nas caixas negras

As caixas negras — localizadas na cauda do avião, que aparentemente se manteve relativamente intacta — poderão ser fundamentais para esclarecer o que se passou. Estão desenhadas para resistir a altas temperaturas e impactos, e espera-se que revelem os diálogos da cabine e os parâmetros de voo durante os momentos críticos.

À medida que decorre a investigação, uma certeza emerge: a complexidade do acidente exige cautela nas conclusões. A prioridade, agora, é garantir a dignidade das vítimas e respostas claras às suas famílias.

A comunidade internacional está de luto. E espera, com urgência, por respostas.

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