A morte de Umo Cani e da sua filha, recém-nascida, no Hospital Fernando da Fonseca, conhecido por Amadora-Sintra, este fim de semana levanta celeuma no ambiente politico, onde líderes partidários (e não só) acusam o Governo e a própria ministra da Saúde de terem responsabilidades no caso.

O sr ventura insistiu  que é preciso que Ana Paula Martins assuma "responsabilidade política" não só por esta situação, mas pelo estado da Saúde em geral. O presidente hospitalar, Carlos Sá, apresentou a sua demissão após admitir que tinha veiculado informação "incompleta" à ministra da Saúde. Informaçao que  tinha sido depois transmitida aos deputados na Assembleia da República - e ao país.

Para Ana Paula Martins tratou-se de uma "falha grave" dito no anúncio feito pela ministra da Saúde, esta segunda-feira, 3 de novembro, dias após uma mulher, de 36 anos, grávida de 38 semanas, ter morrido no Hospital Amadora-Sintra, um dia após ser vista e mandada para casa. Segundo Ana Paula Martins, houve "uma falha grave de informação" no processo.

Já José Luís Carneiro, virou as atenções da ministra para o líder do Executivo, apelando à "responsabilidade do primeiro-ministro porque ele é o primeiro responsável e o único responsável".

Uma posição que também já tinha defendido durante o fim de semana.

A Iniciativa Liberal (IL) expressa uma posição semelhante, considerando que a demissão de Ana Paula Martins não é suficiente para resolver o "problema de fundo" na Saúde para ela o  setor precisa de "propostas reformistas" que não estão a ser executadas pelo Governo.

"A senhora ministra tem de decidir se tem a capacidade para o fazer, se tiver a capacidade para o fazer, muito bem, é isso que os portugueses precisam, se não tiver, então, tem de dar lugar a quem o tenha", afirmou o líder parlamentar da IL, Mário Amorim Lopes.

Enquanto isso, o Partido Comunista Português (PCP), à semelhança do que aconteceu com o PS, "responsabiliza o Governo, desde logo o primeiro-ministro" pela situação, e pelo estado da Saúde.

Quanto à demissão do Conselho de Administração do Amadora-Sintra, o deputado Alfredo Maia realçou que "o PCP não procura bodes expiatórios".

Candidatos presidenciais também já se pronunciaram

Para lá dos partidos, também os candidatos à Presidência da República começaram a pronunciar-se sobre a situação.

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo defendeu que "a questão da saúde é muito mais abrangente do que o cargo da ministra", exigindo  explicações e responsabilidades sobre  a continuação de Ana Paula Martins a  Luís Montenegro.

"Se a ministra da Saúde fica ou deixa de ficar [na sequência da morte de uma grávida na sexta-feira no Hospital Amadora-Sintra], isso é uma responsabilidade do primeiro-ministro e o primeiro-ministro é corresponsável, enquanto chefe de Governo, pela forma como a saúde tem respondido ou não aos anseios dos portugueses."

Já António José Seguro é peremptório: "é preciso parar de fingir e não esconder o sol com a peneira" porque "há falhas no Serviço Nacional de Saúde que precisam de ser corrigidas e depois há equipamentos que não funcionam".

"Nós temos tido nos últimos meses notícias trágicas e situações que são completamente anormais, mas que parece que estão a criar uma nova normalidade", criticou.

O candidato apoiado pelo PCP, António Filipe, criticou, em particular, "a forma como a ministra reagiu" à morte da grávida, considerando-a "particularmente grave".

"E, portanto, é particularmente grave também esse facto, não só o facto em si, o que aconteceu, mas também a forma como a ministra da Saúde reagiu a isso", defendeu António Filipe.

Temido diz que situação no SNS é "muito mais grave"

Na noite de domingo, a antiga ministra da Saúde, Marta Temido, comentou também a situação. Apesar de admitir que a saída de Ana Paula Martins não vai resolver os problemas da Saúde, considera que o momento que o Serviço Nacional de Saúde "vive é muito mais grave e perturbador do que aquilo que é essa avaliação em função de um caso ou outro caso".

Recorde-se de que Temido apresentou a demissão a António Costa em agosto de 2022, pouco depois de ser noticiada a morte de uma grávida em contexto de transporte inter-hospitalar.